Lançamento do livro “O Eclipse do Progressismo”

A América Latina atravessa hoje um período de impasses e grandes turbulências, em parte pela dinâmica interna de seus países, mas em parte como consequência de sua forma particular de inserção no mercado mundial e na cadeia de dominação global capitalista.

A região conheceu, nos anos dourados da globalização neoliberal, entre 1999 e 2008, um ciclo de governos progressistas, que chegaram à frente dos seus Estados graças às lutas populares anteriores contra as políticas ditas de ajuste, que enquadravam estes países na ordem financeirizada do neoliberalismo. Suas economias alcançaram então altas taxas de crescimento integrando-se na divisão internacional do trabalho, o que lhes garantiu recursos para importantes políticas redistributivas e a integração aos mercados de consumo de parcelas da população antes deles excluídas.

Agora, os efeitos da etapa aberta pela crise global de 2008 – que, por outras partes, abalam as políticas (neo)liberais e fortalecem os nacionalismos xenófobos e conservadores, como o proposto por Trump nos Estados Unidos – golpeiam de forma duradoura as economia da região, resultando em baixas taxas de crescimento ou recessões. As populações do continente estão sendo atiradas, sem mecanismos de amortecimento, no turbilhão das mudanças globais que marcam o esgotamento do neoliberalismo cosmopolita, que parece arrastar consigo o progressismo.

Abriu-se, para esquerda latino-americana, um período de recomposição, onde o balanço da experiência dos governos progressistas ocupa um lugar central. A estratégia aplicada foi, de conjunto, correta e os problemas foram mais localizados ou, ao contrário, tratou-se de uma estratégia equivocada? Quais são os pontos de apoio para as lutas de resistência contra a aplicação de políticas ultra-liberais que a direita está tentando aplicar? Quais alternativas propomos? Como combinar as lutas de resistência em curso e a experimentação dessas alternativas?

Para mapear a conjuntura crítica que atravessa o continente, os traços comuns e os particulares da situação de cada país e discutir as perspectivas da esquerda na região foi organizado, durante o Fórum Social Mundial de 2016, em Montreal, em agosto daquele ano, o seminário “A América Latina hoje: uma avaliação crítica sobre a esquerda e os governos progressistas”. Uma continuidade do debate ocorreu em Porto Alegre, em janeiro de 2017, durante o Fórum Social das Resistências.

Assim surgiram os textos reunidos nesta publicação, que correspondem a algumas das apresentações feitas nessas atividades e buscam servir de subsídio para esta discussão subsequente acerca do futuro da esquerda na América Latina. Vamos atualizar o debate com este novo encontro e buscar novos caminhos para as esquerdas latino-americanas.

São Paulo
Data: 12/03, a partir das 17h
Local: Auditório da reitoria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) – R. Sena Madureira, 1500, Vila Clementino, São Paulo/SP.

Salvador
Data: 15/03, a partir das 17h
Local: Fórum Social Mundial, Salvador/BA.